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A Europa, que há dias foi às urnas, revela uma inquietante amnésia histórica. Em apenas um século, o nosso continente foi palco de duas guerras mundiais e de vários conflitos fratricidas, como a Guerra Civil Espanhola e a Guerra dos Balcãs, que ceifaram milhões de vidas e mergulharam outros tantos na fome e na miséria. Todas estas tragédias partilham um fio condutor: o nacionalismo exacerbado dos povos e as tentações hegemónicas dos seus líderes.
Contudo, a recente campanha eleitoral mostrou que os europeus parecem ter esquecido a sua história. Em pleno século XXI, assistimos ao ressurgimento dos nacionalismos e à utilização despudorada da intolerância xenófoba como arma política. Incapazes de apresentar uma visão construtiva para o futuro europeu, vários líderes políticos preferem recorrer ao patriotismo bacoco e à exploração de medos ancestrais que a evidência já demonstrou não terem razão de ser.
Perante esta maré de irracionalidade, a única solução possível é - como sempre - mais educação. A retórica do medo e da desconfiança combate-se com mais e melhor educação. Os movimentos extremistas sabem que uma população com altos níveis de escolaridade é um terreno árido para as suas sementes de ódio.
Por isso, o Ensino Superior tem sido um alvo favorito em países onde partidos sem visão clara para a Europa alcançam o poder. Conduzir uma população desinformada é tarefa fácil, especialmente quando se pode substituir o cão de guarda por uma rede social que amplifica desinformação e medos infundados.
Nem Portugal está imune a estes movimentos, onde vemos cada vez mais pessoas com certezas absolutas sobre tudo. Parecemos viver numa demonstração em tempo real do efeito Dunning-Kruger, o fenómeno cognitivo que explica como pessoas com baixas competências numa determinada área tendem a sobrestimar as suas reais capacidades.
Como europeus e cidadãos conscientes, é assim urgente que reclamemos uma educação de qualidade para todos. Só assim poderemos construir uma Europa unida e resiliente, capaz de enfrentar os desafios do futuro sem sucumbir aos erros do passado.