Hoje deixem-me por favor puxar a brasa à minha sardinha. Peço desculpa, mas ninguém percebe porque é que o golfe, enquanto desporto individual ao ar livre, continua confinado.
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Para os efeitos que interessam a esta causa nobre da luta contra a pandemia, alguém consegue perceber a diferença entre o golfe e o surf? (no meu caso particular com tanta água que meto a jogar, ainda se percebe menos...) Ou entre o golfe e o ciclismo? Ou entre o golfe e o jogging? E o cotejo com as simples caminhadas? Só se a diferença estiver no taco que se usa no golfe, ainda que não seja proibido, que eu saiba, caminhar com um pau na mão!
Se eu for caminhar para um campo de golfe, mesmo que leve um taco na mão, sou livre de o fazer desde que não o use. Depois de desconfinados os parques, os jardins públicos e espaços similares, onde todos podem passear, podemos fazer o mesmo num campo de golfe. Só não é possível bater na bola...
A Federação Portuguesa de Golfe (FPG), com a educação habitual, emitiu um comunicado. Se tivessem apostado num palhaço qualquer que arregimentasse mais uns amigos e fossem acampar em frente ao Parlamento, se calhar alguém de direito iria perceber mais depressa a falta de senso que rege a interdição deste desporto enquanto prática individual ao ar livre.
É muito fácil de perceber e aceitar que os torneios e as competições estejam suspensas, tal como se mantenham indisponíveis os balneários e as zonas sociais das club houses. Como no surf, também é possível a prática individual, mas não as aulas.
De acordo com a FPG existem em Portugal 15 500 praticantes federados. 86 campos. Cada campo tem em média 60 hectares. A área média disponível por praticante é de 4000 metros quadrados. Diria que no passeio marítimo de Oeiras, agora também reaberto, nenhum caminhante ou ciclista se pode gabar de ter tanto terreno à sua disposição.
Não entende a FPG e eu também não que em termos de desconfinamento o golfe esteja equiparado aos ginásios e só venha a reabrir depois dos cabeleireiros, mediadoras imobiliárias, comércio automóvel e bibliotecas! Se fosse atividade que pudesse fazer-se ao postigo já estaria também aberto nesse registo.
O mais ridículo de tudo (que a educada FPG não disse, mas eu escrevo) é que ainda vamos descobrir que este confinamento incompreensível desta prática individual de desporto ao ar livre se deve a um qualquer preconceito ideológico. Como aquele que pelos vistos tentou discriminar os colégios na questão dos testes rápidos.
*Empresário