As primeiras impressões indicam mudança, são mais consentâneas com um quadro de rutura do que de continuidade, o que surpreende, atendendo a que Rui Costa esteve 13 anos ao lado de Luís Filipe Vieira no Benfica. Os próximos tempos ajudarão a perceber se estamos perante uma alteração profunda, ou se estes sinais foram apenas o reflexo de uma operação de cosmética destinada a captar apoios. Até prova em contrário, a realidade dá todo o crédito ao novo presidente das águias.
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Depois de duas décadas em que Vieira geriu clube e SAD sem debater com opositores, o cenário mudou: Rui Costa não só aceitou discutir o momento do Benfica, como permitiu representação das duas listas na noite das eleições no canal do clube. Antes, tinha já contribuído para alterações ao regulamento eleitoral - como a tão reclamada contagem física dos votos -, quebrando os dogmas do antecessor. Aliás, as palavras de Luís Filipe Vieira, após ter colocado o voto na urna, resumem como não deve funcionar a gestão de uma associação desportiva, situando-se nos antípodas do que foram os primeiros meses de Rui Costa na presidência: "A democracia a mais neste clube faz mal".
A frase de Luís Filipe Vieira, lamentável em qualquer contexto, é especialmente grave no âmbito do associativismo, e bem capaz de se transformar numa espécie de sentença final na ligação diretiva ao Benfica. Basta que Rui Costa mantenha a tendência, governando com o diálogo e a abertura indispensáveis ao funcionamento de uma associação de utilidade pública para que o espaço de Luís Filipe Vieira se resuma ao museu, ocupando o lugar que conquistou na história do clube.
Veremos, pois, até onde vai o arrojo de Rui Costa, que nos próximos dias terá de clarificar dossiês tão importantes como a venda das ações e a própria constituição da Administração da SAD, ainda totalmente forrada com rostos ligados a Vieira.
*Chefe de Redação