No fim de semana passada, um jovem de apenas 16 anos morreu numa largada de touros, em nome das tradições. O jovem foi colhido várias vezes e sofreu uma perfuração na garganta, perante centenas de pessoas que participaram e assistiram a este evento tauromáquico.
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A Autarquia sacode a água do capote, o ministro da Cultura diz que tem uma posição aberta, tolerante e plural em relação às atividades tauromáquicas. Ora, o senhor ministro já deixou clara a sua posição política: não interfere na tortura de um animal como forma de espetáculo, vive bem com a promoção da cultura da violência e parece-lhe que o Estado deve continuar a financiar este setor. Enquanto financia a tauromaquia, não resolve os problemas estruturais da cultura no nosso país. Aparentemente, o ministro da Cultura vai ignorar esta lamentável e evitável morte e fazer de conta que o Estado não tem de intervir. Aparentemente, o ministro vai continuar a defender a promoção - tão liberal quão conservadora - da violência. Quem vai, afinal, assumir a responsabilidade pela morte desta pessoa tão jovem?
Em setembro de 2019, um Comité das Nações Unidas incluiu este problema no relatório de avaliação de Portugal, referindo expressamente que o Estado Português devia estabelecer a idade mínima para participar e assistir a largadas de touros em 18 anos, sem exceção, e realizar campanhas de sensibilização junto dos "funcionários do Estado, a Imprensa e a população em geral sobre efeitos negativos nas crianças, inclusive como espectadores, da violência associada às touradas e largadas de touros".
Todos os anos as largadas de touros provocam vítimas mortais e um número elevado de feridos, muitos deles com gravidade. Há registos de pessoas esventradas e casos de pessoas mortas durante as largadas cujos corpos são simplesmente arrastados para fora do recinto para que o evento continue a decorrer. É o total desrespeito pela vida, é a total normalização da violência. É tempo de todos e todas nos pronunciarmos!
Dirigente do PAN