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2023 fica marcado por um contexto internacional de destruição e guerra, que secundarizou a preocupação com o planeta, os seus ecossistemas, a água e a floresta, com a desregulação da habitação decorrente de políticas neoliberais levadas a cabo por governos e autarquias e com a inglória luta pelo resgate de animais domésticos maltratados ou de animais selvagens vítimas de incêndios ou de caçadores que disparam para tudo o que mexe.
No fim de 2023, destaco três boas novas da Assembleia da República: foi considerado um atentado aos direitos humanos forçar as pessoas homossexuais e lésbicas a terapias de conversão, contrariando a sua identidade e natureza; as Alagoas Brancas, depois de uma enorme luta de cidadãos e cidadãs e do PAN, vão mesmo permanecer natureza, em vez de o seu ecossistema único ser ocupado por mais um retail park; e as associações de proteção animal vão ser apoiadas por via da isenção de IVA na compra de ração para alimentar os animais que têm a seu cargo.
A favor da última boa notícia surge, da Comissão Europeia, uma importante recomendação - pela qual o PAN tem lutado insistentemente - de que haja uma base de dados europeia que monitorize a circulação dos animais considerados de companhia para combater o tráfico ilegal. Lamentavelmente, a par disso, a mesma Comissão faz uma proposta ao Parlamento Europeu sobre a produção de animais para lhes extrair o pelo para roupa, subjugando o seu bem-estar ao mercado. O mesmo faz para o transporte de animais vivos. Não parece que estamos em 2023…
Em tempo de balanço, o tempo pergunta ao tempo quanto tempo temos para conseguirmos deixar o planeta melhor do que o que encontramos, para respeitar e proteger animais, regenerar a natureza, garantir que não há retrocesso nos direitos humanos e que caminhamos para uma maior justiça social. A data seria a de ontem, deveríamos estar a correr contra o tempo.…
Acreditar que ainda é possível é fundamental, porque não há outra opção. Vamos, pois, fazer de 2024 o ano em que continuamos a travar as lutas que têm de ser travadas, pois “Se não formos nós, quem será?”