Mandaste-me o último abraço com um sorriso agarrado, que o Henrique entregou embrulhado no carinho e na dor de uma saudade que nunca pensáramos poder sentir tão depressa.
Corpo do artigo
Se calhar, eras o único que estava preparado para isto, porque correste a vida pelo lado certo, foste mestre e farol para uma geração, mas a hora é estúpida que dói. Não foi preciso ficarmos sem ti para percebermos quem eras. Quando o Machado vinha à conversa, o armazém das coisas boas escancarava portas. Invariavelmente. Estamos todos certos disso, famílias, amigos, companheiros de "O Jogo" e tantos destas vidas do jornalismo e de outras. Leça da Palmeira foi berço de ambos, partilhámos o balneário e a camisola do Leça FC, a alba dos acólitos, os palcos do teatro, a casa do Carlos nos fins de tarde de 24 de dezembro - até esse "irmão" temos em comum -, éramos membros de pleno direito da nossa OLP, incrível, mesmo, só nunca termos percorrido os corredores de um jornal em simultâneo. Agora que vais embora, lembrei-me da noite em que cheguei àquele apartamento em Almeiriga, há quase 40 anos, para escrever o projeto de uma notícia. Sim, Machado, afinal, também estavas lá, na casa do teu amigo de sempre, a minha primeira Redação.
*Jornalista