Devemos destacar os méritos, valorizar o que conseguimos extrair de positivo num contexto tão difícil, mas convém não ficarmos inebriados com o sucesso.
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A eficácia do plano de vacinação está à vista, segue a um ritmo que impressiona e pode ser a almofada que o país precisa para retomar o processo de crescimento que vinha apresentando quando o Mundo foi surpreendido pela pandemia. Só que não chega.
Os estilhaços da covid-19 devem ser atacados por antecipação, uma vez que só assim será possível evitar uma crise social ainda mais grave. É obrigatório arrepiar caminho e delinear estratégias que permitam recuperar o tempo perdido pelos estudantes no ensino, reabrir com o mínimo de restrições os serviços públicos - que parecem desconfinar a um ritmo muito mais lento do que o setor privado - e manter o apoio à economia e aos trabalhadores.
Setembro pode servir de barómetro para os tempos delicados que nos esperam. Desde logo porque as famílias com perda de rendimento no último ano e meio serão confrontadas com a necessidade de voltar a pagar aos bancos os empréstimos suspensos pelas moratórias. As associações de consumidores aprovam as medidas cautelares do Governo, mas sublinham que não chegam, é preciso fazer mais.
E neste caso há mesmo um imenso registo histórico que permite ao executivo de António Costa continuar a exigir à Banca a mesma solidariedade demonstrada pelos contribuintes sempre que o sistema financeiro português esteve na iminência de colapsar.
Desde 2008, o Estado tem investido à média de 1,7 mil milhões por ano em ajudas ao setor bancário, pelo que, de volta aos lucros, é mais do que natural esperar um contributo eficaz na missão de evitar o estrangulamento de milhares de famílias.
*Chefe de Redação