É com toda a cautela e muita insatisfação, nos setores que definham à conta de uma espera ainda mais longa, que os portugueses começam a desconfinar, de olhos postos num barómetro em forma de retângulo policromático que procurará ditar com objetividade avanços e recuos num processo cuja conclusão chegará às portas do verão.
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Depois de ter aprendido, da pior maneira, que facilidades como as que foram concedidas no Natal só podem conduzir a números desastrosos, António Costa apresentou um plano com vista à retoma da normalidade sujeito a recuos e com base em critérios muito objetivos e dependentes da evolução da pandemia. A reabertura, como sempre foi mais ou menos pacífico, começa pelo regresso dos mais novos à escola. Creches e 1.º Ciclo.
Em termos estratégicos, restam poucas dúvidas que pudesse ser de outra maneira. O problema é que o processo de desconfinamento está longe de se resumir a uma tabela de mínimos e máximos, e dificilmente funcionará se não for acompanhado de medidas preventivas cuja eficácia depende, sobretudo, dos meios e da boa calendarização, tornando-se incompreensível arrancarem primeiro as aulas e só no dia seguinte a testagem massiva de professores e funcionários das escolas. Concordo que não é possível manter mais tempo as crianças - e os pais - em casa, pelo que emerge uma questão: por que razão não foram, até ao passado fim de semana, os profissionais das escolas testados à covid-19? Só o Governo poderá dar a resposta. Mas é inegável que continuamos a falhar em termos de prevenção, mesmo sabendo que testar é fundamental. Com mais uma etapa a nascer torta, resta esperar que o Governo encontre o rumo certo. E sobretudo que este atraso sirva de lição para os próximos momentos que, atendendo à idade dos estudantes, encerram riscos ainda maiores.