Passou um mês desde que começou o desconfinamento a 15/3. É possível neste momento compreender relativamente bem os seus efeitos acompanhando os valores do Rt divulgados pelo INSA.
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Na primeira semana de reabertura houve uma subida de transmissibilidade, já vinda de trás, traduzida num aumento do Rt, embora sempre abaixo de 1. Ou seja, os casos continuaram a diminuir, mas de forma menos acentuada. Na segunda semana, os casos aumentaram e isso percebe-se pelo facto de o Rt ter subido acima de 1. Mais concretamente a partir de dia 28/3, quando o seu valor estimado foi de 1,03. Tendo em conta os 5 dias de período médio de incubação, isso significa que o crescimento de casos se terá iniciado sensivelmente na terça-feira, 23/3. Este aumento terá estado ligado ao aparecimento de surtos em contexto escolar.
A subida de casos prolongou-se ao longo da terceira semana de reabertura, que coincidiu com uma pausa letiva. O Rt permaneceu próximo de 1,05 até dia 10/3, tendo atingido o valor máximo de 1,08 no dia 8/4. Houve assim um aumento consistente de novas transmissões durante cerca de duas semanas, algo que reforça a ideia de que as medidas restritivas impostas na Páscoa se justificaram.
A estimativa provisória do Rt (divulgada ontem) para dia 11/4 é de 1,01, valor que traduz um primeiro sinal de alívio relativamente às semanas anteriores. Aparentemente, isto significa que nos dois primeiros dias da reabertura ocorrida a 5/4 terá havido uma estabilização dos contágios. Este é um pequeno sinal animador, mas ainda há muito pela frente.
Professor de Matemática da FCUP