Hoje é o primeiro dia após o fim do estado de emergência. Estão de momento reunidas condições que permitem encarar esta nova etapa sem euforias, mas com alguma confiança.
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Portugal tem tido uma evolução epidemiológica recente que se distingue a nível europeu por ter uma incidência controlada num nível baixo. Vários são os exemplos de países que com semelhantes coberturas vacinais, ou até superiores, estão ainda a atravessar dificuldades que exigem medidas mais restritivas. Apesar de a vacinação contribuir para um menor número de novos casos, principalmente nos idosos, ela não é por si só a razão deste sucesso português. Na verdade, o fator que faz a grande diferença é o comportamento da população, a qual tem conseguido adaptar-se às novas circunstâncias.
Fundamental para essa adaptação foi a reabertura faseada que suavizou o impacto de cada etapa de desconfinamento. Além disso, a perceção de risco baseada numa matriz simplificada e em incidências concelhias tem contribuído para que, a cada momento, qualquer pessoa saiba minimamente o ponto de situação, sem necessitar da explicação de especialistas.
Sabemos que temos hoje armas comprovadamente eficazes para nos defendermos nesta pandemia. Uma delas será sempre a possibilidade de recuar ao nível local quando estritamente necessário, de modo a atuar cirurgicamente sobre situações mais problemáticas e evitar o alastramento.
Por agora, na maioria do território nacional, com responsabilidade, é tempo de avançar.
*Professor de Matemática da FCUP