Foi necessário esperar 23 anos e aparecer o mais esquivo de todos os coronavírus para alguém me dar razão. Graça Freitas, a diretora-geral da Saúde, desaconselha beijinhos e outros afetos, nestes tempos de todas as "demias", sejam elas prefixadas com "epi" ou "pan".
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Em fevereiro de 1997, já eu dizia para não apertarem muito um recém-nascido Rui - que por sinal detestava esmagamentos - e evitarem os beijos, como eu evitava. Percebi mais tarde que a minha vigilância era tudo menos eficaz.
Acreditando no que me conta a mãe, a família e os amigos chegados, quando eu não estava em casa aquilo era tudo roda livre, a criança andava de mão em mão, de beijo em beijo, infeliz da vidinha, provavelmente chorando muito, porque era assim que o Rui reagia quando o tiravam do sossego do berço.
Passaram mais de duas décadas e, confirma-se, a coisa não mudou muito. Ainda hoje, com 23 aninhos feitos, o Rui reage muito mal quando é forçado a sair da cama, a não ser que alguém tenha reparado e o avise que está atrasado para um jogo de futebol. A bola é uma exceção. De resto, não há carinho que o arranque aos lençóis. Nem beijos, claro.
Jornalista