Corpo do artigo
"Qualquer condutor que tenha de trocar o carro terá de o fazer por um elétrico". Esta notícia do JN, publicada online no dia 19, tem estado desde então no topo das preferências dos nossos leitores. Não deixa de surpreender que a maioria não prefira uma matéria sobre futebol, o estado do tempo, declarações polémicas de uma figura pública ou algum crime, assuntos muito procurados pelos internautas. Obviamente que o afluxo de informação nova acabará por destronar do primeiro lugar as interessantes declarações de Miguel Fonseca, de 64 anos, CEO da área da Mobilidade e Transição Energética da Salvador Caetano Auto.
A conclusão é que grande parte do nosso público se interessa pelo presente e pelo futuro de curto prazo da mobilidade, e julgo que os detratores dos elétricos são mais ativos nas redes sociais do que os seus defensores ou simpatizantes. Porquê? Imagino que a resposta seja relativamente simples. Os elétricos começam a ser uma alternativa real aos de combustão, nomeadamente devido aos custos de manutenção (preços mais baixos no abastecimento e na oficina) e à crescente autonomia dos mesmos, rivalizando já com um automóvel a gasolina ou a gasóleo. Em 2025, os incentivos do Estado à compra deste tipo de viatura esgotaram-se num ápice, como aliás aconteceu nos últimos anos. A exceção foi 2024, devido à surpresa com a introdução da obrigatoriedade de entrega de um veículo para abate. Quando o tempo de carregamento for substancialmente reduzido, a revolução será arrasadora. Como tudo o que envolve tecnologia, a transformação tem um caráter feminino. É disruptiva e, até certo ponto, imprevisível. Faz jus à ópera "La donna è mobile", de Giuseppe Verdi. Falta-nos Luciano Pavarotti para imprimir outro ritmo.