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Os preços das casas em Portugal mantiveram no ano passado uma tendência de subida, batendo recordes de há dez anos para cá. Isto, claro, deve-se aos vários incentivos que surgiram no mercado para estimular a compra de casas, como a descida dos juros ou a isenção de IMT para os jovens. Mas, na verdade, embora o problema de acesso à habitação já esteja bem identificado, o ano terminou com poucas iniciativas legislativas que possam realmente fazer baixar os preços, como a malfadada nova lei dos solos, que fez cair o Governo.
Não é grande surpresa dizer que esta bolha imobiliária está longe de terminar. Em Portugal, continua a ser um sonho para muitos serem proprietários de uma casa. Os dados indicam que, no ano passado, os preços cresceram 10,4%. Ou seja, o mercado vem sufocando milhares de famílias e, sobretudo, os mais jovens. O mais grave é que é difícil prever até onde teremos de ir, antes de começarmos a ver algum alívio. Existe uma bolha que é explorada até ao tutano pelo mercado, porque é de amplo consenso de que estamos perante um problema de escassez.
Há falta de habitação acessível e, mesmo com planos nacionais de habitação. O desafio é conciliar a necessidade de expandir o mercado e, ao mesmo tempo, ter disponível habitação acessível. Este é um equilíbrio difícil de concretizar, porque as soluções que dependem inteiramente do mercado livre criam franjas de inacessibilidade à habitação, mas o aumento da intervenção pública pode cortar o surgimento de novas casas. Assim, em tempos de campanha, o objetivo primeiro dos partidos deverá ser não frustrar as famílias e os jovens devido aos preços altíssimos dos imóveis e arranjar verdadeiras soluções. Ou o descontentamento subirá e abrirá o flanco para políticas populistas, que não resolvem o assunto, mas que se aproveitam de um legítimo sentimento de indignação.