Corpo do artigo
Numa declaração de guerra comercial, o presidente dos Estados Unidos da América, Donald Trump, anunciou a introdução de taxas alfandegárias de 30% sobre as importações oriundas da União Europeia. Este ataque direto à aliança histórica e estratégica entre os EUA e a UE não só é economicamente contraproducente, como é politicamente irresponsável. Trump ignora deliberadamente os princípios da parceria atlântica, tratando os aliados como adversários numa lógica nacionalista e protecionista que mina décadas de cooperação.
O presidente norte-americano justificou esta decisão como uma reação ao que considera ser um desequilíbrio comercial, de modo a corrigir anos de políticas tarifárias injustas que ameaçam a economia americana e a segurança social. Além do mais, o próprio deixou ainda bem explícito que uma eventual retaliação europeia terá consequências.
Assim sendo, o que resta à União Europeia?
Em primeiro lugar, é necessário olhar para os principais setores que irão ser afetados, nomeadamente: automóvel (a exportação de automóveis fabricados na Europa será gravemente afetada, levando a uma perda de competitividade no mercado americano), indústria farmacêutica (o setor farmacêutico europeu, que possui uma forte presença comercial nos EUA, verá a sua capacidade de concorrência reduzida), equipamentos industriais e tecnológicos (empresas europeias que produzem maquinaria e tecnologia enfrentarão obstáculos para manter a sua quota de mercado), agricultura e alimentação (produtos europeus de elevada qualidade, como o vinho, o queijo e outros bens alimentares, poderão registar uma forte quebra na procura por parte dos consumidores norte-americanos).
Em segundo, é fundamental analisar as consequências para a economia portuguesa, sendo pertinente enumerar as áreas mais impactadas: a indústria vinícola, o calçado, o têxtil, os produtos alimentares de valor acrescentado, os componentes industriais e os bens intermédios essenciais para as cadeias globais de produção.
Perante esta realidade, o executivo de Ursula von der Leyen terá, efetivamente, quatro vias para responder às tarifas de Trump: (1) aceitar as exigências sem contrarresposta, (2) retaliar com medidas similares e arriscar a escalada do conflito, (3) procurar uma solução diplomática que salvaguarde ambos os interesses ou (4) encontrar mercados alternativos.