Confesso. Eu uso IA para tudo. Você não?
Corpo do artigo
Eu sei que você usa inteligência artificial (IA). Eu uso. Uso em tudo. Tendo acesso a ela, seria estúpido não usar. Não temos que ter medo de dizer sim.
As razões pelas quais isso acontece estão inscritas na verdadeira essência do ser humano, que normalmente esconde o seu comportamento quando desconhece como o “outro” vai reagir. Em questões que acarretam implicações éticas ou morais - como acontece com o uso da IA, isso é natural.
A nossa lógica ética herdada da contrarreforma, em sociedades como a nossa - onde a culpa sempre se sobrepõe ao mérito e ao prazer - explica essa opção pelo fingimento.
Só que a IA não é apenas mais uma coisa inscrita na lista dos pecados capitais, que aumenta a nossa gula ou exacerba a nossa vaidade, ela impacta diretamente as relações sociais da vida quotidiana, criando um diferencial gigante de produtividade entre quem usa e que não usa, e precisamente por isso precisa de ser assumida e explicada, ao invés de escondida.
É nesse sentido, invocando a promoção da transparência e a salvaguarda da democracia que, no Brasil, a Justiça se antecipou à política, à academia e à comunicação, tomando a liderança da regulação.
Mas, ao aprovar uma resolução que determina que “a inteligência artificial só pode ser usado em campanhas com o aviso de que o conteúdo foi feito com recurso a ela”, o Tribunal Superior Eleitoral brasileiro levanta questões muito sérias.
O medo da desumanização, a dependência crescente, a necessidade de transparência em questões éticas e morais - questões apontadas à necessidade de regulação da IA - sempre se colocaram ao longo da história e, sobretudo, sempre foram elementos de dominação e poder. Não se consegue desinventar a roda.