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O esvaziamento de competências e de recursos do Património Cultural IP anunciado pelo “Jornal de Notícias” mostra que a ligação efetiva deste organismo ao Porto e ao Norte do país foi curta, representando mais uma inversão na trajetória de descentralização do país. O Palacete do Visconde de Vilar de Allen no Porto continua a ser a sua sede oficial, contudo, o organismo está esvaziado enquanto centro de decisão.
Os principais partidos políticos inscreveram nos seus programas eleitorais um capítulo sobre este tema, tal como da coesão territorial. Porém, na prática, estes assuntos passaram para segundo plano. É paradigmática a recente discussão do Orçamento de Estado para 2025, transformado num espetáculo da política, longo e cansativo.
O país preferia ver discutidas políticas que prossigam objetivos de competitividade, de sustentabilidade, de coesão e equidade. Seguramente, preferia compromissos baseados no diálogo e concertação para contrariar as desajustadas assimetrias territoriais, envolvendo as pessoas, as instituições e as organizações.
Questões transversais sobre as necessárias reformas da organização do Estado, da descentralização e desconcentração de serviços passaram para segundo plano. Não parece ser prioridade a problemática da demografia e envelhecimento do país interior e o apoio às empresas que investem nestes territórios. Estas empresas deveriam ser incentivadas, tal como as que investem em inovação, na dupla transição digital e energética, e na melhoria de salários.
O tempo passa e as reformas são adiadas, aumentando o sentimento de abandono das populações que vivem fora dos principais centros urbanos, esquecidas e mesmo excluídas da decisão política. Vence o populismo reinante no país, na Europa e no Mundo.