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2024. Tempestade assassina em Valência, furacão assustador nos EUA, incêndios florestais descontrolados na Grécia, Turquia e Portugal, ondas sufocantes de calor na Europa Central, secas graves no Canadá, ciclone destruidor no Bangladesh, inundações devastadoras na China. Faltam dois meses para o final do ano e, muito provavelmente, ainda teremos mais exemplos de eventos severos causados pelas alterações climáticas.
Os avisos dos cientistas são ignorados, as conferências pela defesa do ambiente não apresentam resultados, os investimentos na transição energética mostram-se insuficientes. Usando a expressão dramática do secretário-geral da ONU, António Guterres, este é o “inferno climático”. O inferno que Antonio Tarazona já conhece após ter visto pela última vez com vida a mulher e a filha bebé no tejadilho do carro que foi levado pelas enchentes de Valência. O inferno que será pior caso Donald Trump vença as eleições de terça-feira. O republicano que teme ser eletrocutado se viajar num barco elétrico, que defende o uso de motores a combustão, que promoveu políticas que enfraqueceram as regulamentações ambientais e reduziram o compromisso dos EUA com acordos internacionais. O candidato que não só ignora a ciência, como faz do negacionismo uma das suas bandeiras eleitorais. O líder político que afirma que os eventos climáticos extremos não passam de fenómenos naturais.
O resultado das eleições presidenciais norte-americanas também ajudará a perceber se continuaremos a empurrar o planeta para o ponto de não retorno e seguir em direção ao abismo. Antonio Tarazona já não pode fazer nada para voltar a ver a mulher e a filha bebé. Nós ainda temos o dever de lutar pela vida dos nossos filhos e netos.