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Nos últimos anos, temos observado um afastamento consistente dos jovens dos partidos políticos tradicionais. Os estudos sobre os resultados das últimas eleições, tanto legislativas como europeias, comprovam que os jovens veem os partidos como meras corporações onde o mérito é frequentemente substituído pelo cartão de militância.
Este desencanto leva-os a procurar alternativas fora do sistema, muitas vezes em partidos sem uma ideologia clara, mas que se afirmam como a antítese do status quo. Esta sedução pelo “antissistema” é um reflexo direto da desilusão com a política convencional e representa um sério desafio para a nossa democracia.
Os partidos tradicionais enfrentam, assim, um dilema crítico. A perpetuação de práticas corporativas e a colocação de indivíduos sem mérito em posições de poder não só alienam os jovens, mas também minam a confiança pública no sistema democrático. A longo prazo, esta abordagem é insustentável e abre caminho para movimentos populistas que prometem resolver os problemas através de soluções simplistas e muitas vezes perigosas.
No entanto, continuamos a assistir a nomeações políticas que ignoram a competência e a meritocracia, alimentando a perceção de que o poder é um fim em si mesmo, acessível apenas a quem tem os contactos certos. Se queremos preservar a nossa democracia, é imperativo que os partidos abram as suas bases a pessoas com talento e competência, independentemente da sua filiação partidária.
Os partidos devem abrir-se, em particular, aos jovens. São estes a força vital de qualquer sociedade, que trazem inovação, energia e novas perspetivas à resolução dos problemas. Os líderes políticos devem, por isso, fazer um esforço consciente para reconquistar a confiança dos jovens.
A nossa democracia depende disso. O futuro do nosso país depende disso. Precisamos de um sistema político que valorize o mérito, que seja transparente e que esteja verdadeiramente comprometido com o bem-estar de todos os cidadãos.