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Já não é novidade que a crescente influência das redes sociais tem moldado a forma como se consome informação, sobretudo quando os influencers se tornam fontes de “verdade” para milhões de seguidores.
A credibilidade de um influencer não está associada à precisão dos factos, mas sim à sua popularidade. Mais do que o conteúdo, o que interessa é quantas pessoas vão ser impactadas por ele. Tem sido assim nos negócios e na política.
Não foi por acaso que um gigante shopping online chinês recorreu a influencers quando teve problemas de reputação e de desconfiança quanto à recolha de dados dos utilizadores. Hoje, a tecnológica tem mesmo um programa de afiliados.
Donald Trump segue a mesma linha. Depois de se ter aproximado da polémica Laura Loomer, uma influencer conhecida pelas suas teorias da conspiração e banida de várias plataformas (incluindo a Uber por fazer comentários racistas contra motoristas muçulmanos), o presidente eleito dos EUA pretende agora abrir as conferências de imprensa na Casa Branca a pessoas que “têm mais audiência e mais seguidores”, disse o filho do republicano.
As consequências de moldar a informação à capacidade de atrair audiência aumentará ainda mais o desafio das sociedades em distinguir conteúdo bem fundamentado de influências reducionistas. Sobretudo quando há estudos académicos que nos dizem que cerca de 62% dos criadores de conteúdos digitais não verificam a informação antes de a partilhar com o seu público. É o que se passa em 45 países de oito regiões linguísticas diferentes, segundo o relatório “Atrás dos ecrãs”, da universidade norte-americana Bowling Green State.
A credibilidade não pode ser construída com métricas de popularidade. Cada um de nós faz parte desta rede de distribuição e cada um de nós tem, por isso, um papel a desempenhar no compromisso com a verdade.