O Norte liderou o crescimento do PIB nos últimos anos (mais de 4% entre 2014 e 2017) e a região foi a que mais contribuiu para o aumento da produtividade, além de continuar a ser a mais exportadora do país e a que atrai mais investimento direto estrangeiro.
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Mas o Norte é também a região portuguesa com menor rendimento por habitante e está na cauda da Europa neste indicador. Isto deve-se, em boa medida, aos fatores de atraso que prevalecem na sua estrutura produtiva. Apesar da notável modernização dos setores tradicionais, o Norte teima em não abandonar totalmente um modelo de desenvolvimento baseado em mão de obra intensiva, subcontratação industrial, produtos de baixo valor acrescentado e reduzida incorporação tecnológica.
Bem sei que este diagnóstico já foi feito inúmeras vezes. Mas o Norte talvez nunca tenha tido, como hoje, tantas e tão boas condições para alterar o seu modelo de desenvolvimento. A região dispõe de talento e competências, produção científica e potencial tecnológico, capacidade industrial e startups inovadoras, boas infraestruturas e ligações internacionais.
A tudo isto podemos ainda acrescentar as oportunidades de financiamento abertas pelos novos fundos europeus e a proatividade das instituições regionais promotoras de desenvolvimento, em particular a CCDR-N, que acaba de alocar importantes apoios do Norte 2020 à ciência e inovação.
O Norte tem de saber retirar os devidos ensinamentos da crise pandémica. As sociedades mais qualificadas e com economias mais especializadas, digitais e inovadoras responderam melhor à pandemia e estão em melhores condições de triunfar no mundo pós-covid. Por isso, a transformação económica e social do Norte deve ser promovida pelo investimento em projetos e infraestruturas de formação, investigação e tecnologia, em ecossistemas de inovação e em interfaces academia/empresas.
Desta forma, o Norte terá um contexto mais favorável ao desenvolvimento de produtos sofisticados e inovadores, cujo valor acrescentado possibilite um salto na competitividade da região e nos rendimentos da população.
Reitor da Universidade do Porto