As recomendações da Ordem dos Médicos relançaram a discussão sobre se é necessário o Governo determinar o uso generalizado de máscara devido à covid-19, à semelhança do que fez o executivo regional da Madeira.
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Os especialistas continuam a dividir-se nesta questão e os avanços e recuos da Organização Mundial de Saúde, à escala global, e da Direção-Geral da Saúde, no nosso país, não oferecem garantias no sentido de um clima de confiança que será indispensável para enfrentar uma segunda vaga do vírus. Quase um ano depois de o novo coronavírus se ter começado a espalhar um pouco por todo o Mundo, ninguém perceberá se a estratégia para o que aí vem falhar, em termos sociais e económicos.
António Costa já explicou que a economia portuguesa não suportará outro confinamento, mas as medidas estruturais sobre como o evitar tardam, sobrando mais dúvidas do que certezas. Será que, à boa maneira portuguesa, estamos a atirar as coisas para o fim do prazo? Espero que não, embora desconfie sempre da nossa capacidade organizativa e visão estratégica.
Dir-me-ão que fomos vezes sem conta elogiados pela resposta do país à pandemia, Portugal chegou a ser encarado como um "milagre", mas sejamos claros: remámos todos para o mesmo lado, fomos organizados, só que acabámos por fazer o mais fácil, praticamente canalizando todos os recursos hospitalares para tratar os doentes com covid-19 e reduzindo a economia ao indispensável para manter o país a funcionar. Nem tanto ao mar, nem tanto à Suécia - que em sentido oposto optou por conservar serviços públicos e privados em funcionamento, com consequências que só poderão ser avaliadas mais tarde -, mas é preciso encontrar uma estratégia e, sobretudo, dar a conhecê-la, sem incongruências ou falhas, não vá instalar-se um caos económico de proporções bíblicas.
*Editor-executivo