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A União Europeia, depois das atitudes de Trump, tem de dar o grito da independência. Bruxelas, e consequentemente Portugal, deve aproximar-se de outras regiões do globo que têm uma previsibilidade bem mais segura do que Donald Trump. É aqui que entra Pequim. Ursula von der Leyen, desde que Trump demonstrou a sua disponibilidade para confrontar a Europa, pode e deve reforçar os laços com a China, Índia, Mercosul, México, Malásia e outros. A visita de Pedro Sanchéz à China na semana passada pode ser um dos primeiros passos de resposta da Europa às afrontas de Trump e de J.D. Vance, aquele que disse detestar "safar a Europa outra vez". Ou seja, após anos a seguir de certa forma a política de Joe Biden relativamente à China, a Europa, dada a atitude do seu sucessor, deve desenvolver a sua própria.Todos sabemos que a reviravolta brusca na estratégia ultraprotecionista de Trump, ao aumentar as tarifas sobre a China para 145% e, ao mesmo tempo, suspender as tarifas sobre outros países durante 90 dias, exceto uma tarifa significativa de 10%, representa o reconhecimento do enorme desastre da política económica do presidente norte-americano. Trump cedeu após pressão da sua própria equipa, das grandes empresas, dos mercados bolsistas e, acima de tudo, do mercado de dívida. Não há dúvida que este "trumpismo" está a falhar, para já, na sua tentativa de restaurar a confiança dos investidores, que continuam a ver um panorama muito nebuloso, com um forte impacto na economia real.O mais preocupante é que esta vitória momentânea do bom senso não significa o regresso à normalidade no comércio internacional, onde a desconfiança já se instalou. É apenas uma trégua que serve também para identificar o principal alvo da ofensiva de Trump: a China.