Corpo do artigo
A sucessão do Papa Francisco que ontem começou é mais do que uma escolha. É um caminho. E hoje, o Mundo aguarda, com os olhos postos em Roma, por uma nova voz, capaz de se erguer acima do ruído.
Num Mundo fragmentado por discursos polarizados, a sucessão papal emerge como uma questão não apenas nacional e eclesiástica, mas global e geopolítica.
Ao longo do seu papado, Francisco remodelou a perceção da Igreja Católica como uma entidade mais próxima dos marginalizados, aberta ao diálogo inter-religioso e consciente dos dilemas globais.
A encíclica Laudato Si’, que aborda a crise ambiental com rigor e urgência, e o pacto pela paz no Sudão do Sul são exemplos de uma atuação que transcendeu os muros do Vaticano para ecoar nos salões da ONU e nas ruas de Yangon. Francisco resgatou a ideia de que a fé, quando engajada, pode ser um agente de transformação global.
Por isso, a sua sucessão não é apenas uma questão de escolha interna, mas um marco na definição do tom de uma nova autoridade moral em tempos incertos.
A Europa revisita fantasmas de radicalismo, a América Latina debate-se entre populismos e promessas falidas, enquanto a Ásia observa, silenciosa, o crescimento de uma nova ordem. Neste tabuleiro, a voz que ocupará o púlpito de Pedro terá por missão oferecer ao Mundo um bem cada vez mais escasso: equilíbrio.
O Mundo de 2025, mais do que nunca, precisa de um Papa que compreenda que a fé pode ser um ponto de encontro e não de rutura. Que a religião, na sua essência, é uma linguagem de esperança compartilhada. E que a autoridade moral – aquela que transcende fronteiras – tem de ser exercida por quem escolhe estar ao lado dos que têm menos voz e não dos que têm mais poder.