A juventude portuguesa, sempre tão criticada por uma suposta apatia cívica, deu recentemente duas grandes lições de civismo ao país.
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Adolescentes e jovens adultos aderiram em massa ao processo de vacinação, prevenindo a sua saúde mas também a segurança sanitária da comunidade. Alegadamente mais vulneráveis à desinformação das redes sociais, frequentemente acusados de individualismo e indiferença social e certamente menos suscetíveis a doença grave ou óbito por covid-19, a verdade é que os jovens se mobilizaram para a toma da vacina, demonstrando consciência cívica e servindo de exemplo ao país.
Ao acorrerem tão prontamente aos centros de vacinação, mesmo em período de férias, os jovens foram decisivos para a rápida imunização de mais de 70% da população portuguesa. Neste sentido, a participação das novas gerações no processo de vacinação está a revelar-se fundamental no combate à covid-19 e no paulatino regresso à normalidade. Mais: no meio de um nevoeiro de mitos e patranhas negacionistas, os jovens manifestaram confiança na ciência e na medicina.
Acresce que, também neste verão, quase 64 mil estudantes (mais 1203 do que em 2020-21) candidataram-se à 1.a fase do Concurso Nacional de Acesso ao Ensino Superior Público, o número mais elevado desde 1996. Os jovens portugueses apostam inequivocamente na qualificação superior, o que não só alarga as suas perspetivas de sucesso individual como constitui um sinal de esperança para o nosso futuro coletivo. Ter tantos candidatos ao Ensino Superior representa um importante passo na qualificação da nossa população, com tudo o que isso significa para o desenvolvimento humano do país, a competitividade da sua economia e a coesão do seu tecido social.
Os jovens responderam, com determinação e otimismo, a um momento histórico que, convenhamos, suscita mais dúvidas do que certezas. Perante um futuro incerto, os estudantes revelam confiança nas instituições de Ensino Superior e nas vantagens de aceder a conhecimento especializado, a treino científico, a pensamento crítico e a competências avançadas. Deste modo, estão a prestar um bom serviço a si próprios e ao país.
*Reitor da Universidade do Porto