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O segundo Governo liderado por Luís Montenegro continua a distribuir riqueza, sublinhando que é preciso primeiro gerá-la para depois fazê-la chegar a quem precisa de um suplemento. No horizonte estão, entre outras medidas, uma nova baixa de IRS, um complemento para os pensionistas e o alargamento a mais áreas do país do subsídio de deslocação atribuído aos professores. Podemos até esquecer o que está para trás (atualizações para médicos e enfermeiros, forças de segurança e militares). A tentação eleitoralista não explica tudo. Respira-se euforia. Haverá motivos para tal?
Um estudo da KPMG, divulgado ontem, antecipa um crescimento de 1,7% da economia portuguesa em 2025, acima dos 0,9% projetados para a Zona Euro. É isso que explica a euforia distributiva? A Alemanha crescerá apenas 0,1%, segundo a mesma previsão. No entanto, qualquer português preferiria ter o poder de compra dos germânicos e constatar que o ritmo de crescimento da sua economia é ténue. Para usar um exemplo extremo, o Níger cresceu 14,4% em 2024. Alguém preferiria viver lá do que em Portugal?
O aviso sobre alguns problemas “mascarados” na Europa foi, aliás, dado num artigo do jornal “Politico”, sob o título “A bomba orçamental francesa é um sinal de alerta para a Europa que caminha para a falência”. O primeiro-ministro francês François Bayrou avançou com um programa de austeridade. Claro que estamos a falar de um país com uma dívida pública e um défice das contas públicas, ambos em percentagem do PIB, superiores aos de Portugal. Mais uma vez, a comparação não faz sentido se não referirmos que o poder de compra do francês é muito superior ao nosso.