Corpo do artigo
O novo ano letivo que se inicia oficialmente depois de amanhã enfrenta vários desafios, entre eles a falta crónica de professores, que, ao longo de décadas, está a minar os resultados conseguidos pelos alunos. Apesar destas questões, este início deverá também servir para dar um impulso necessário na área do conhecimento identificada com a sigla STEM (ciência, tecnologia, engenharia e matemática). É que a tendência dos estudantes nesta área não é nada positiva. O seu desempenho em matemática caiu 20,6 pontos desde 2018, segundo o relatório PISA. A verdade é que, à medida que o desenvolvimento tecnológico avança, também cresce a procura por licenciados com perfil em ciência, tecnologia, engenharia e matemática, o que faz com que também tenham melhores salários.
Enquanto em Espanha o Governo vai lançar este mês um plano de reforço da matemática e da compreensão da leitura, onde vai investir 95 milhões de euros, por cá a discussão da Educação anda à volta das reivindicações dos professores ou da falta deles. Nunca o aluno é a primeira preocupação dos sucessivos governos.
Claro está que sem professores também não há aprendizagem que resista. A garantia da qualidade das aulas e a possibilidade de continuar a alargar as vagas técnico-científicas dependem, obviamente, de o sistema ter docentes suficientes.
O Governo terá de abordar a reforma do setor e deve aproveitá-la para conceber soluções estáveis ?e estruturais. O caminho tradicional dos professores, que exige a conclusão de uma licenciatura, mestrado em docência e finalmente a aprovação num exame, sempre foi longo e árduo. E tornou-se especialmente disfuncional na área técnico-científica, onde a inovação não espera. Bem concebida, esta alternativa proporcionaria aos futuros professores o conhecimento da disciplina e da sua didática, pouparia tempo e dinheiro e evitaria, a longo prazo, uma degradação das notas dos alunos. É só começar.