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No passado fim de semana, teve lugar em Madrid uma enorme manifestação pela abolição da tauromaquia em Espanha e em toda a Península Ibérica.
Quem se mobiliza para as manifestações pergunta frequentemente: onde é que a evolução humana parou ou regrediu no tempo em matéria de perpetuação de práticas de subjugação e maltrato de outros animais?
Quando ouvimos Pedrito, “o matador de touros”, percebemos por que razão a tourada ainda existe. Mas também identificamos o seu especismo atroz.
Por isso, importa recordar e esclarecer alguns aspetos, para que não restem dúvidas:
1. A tourada só é permitida porque a lei que protege os animais exceciona a proteção dos touros (e dos cavalos), validando assim aquilo que legal e socialmente se condena: os maus-tratos aos animais;
2. Não há qualquer dignidade em espetar bandarilhas e em considerar diversão no espetar de ferros num animal que sofre com isso;
3. A existência de desportos agressivos em nada justifica a permissividade ou a indiferença perante as atividades tauromáquicas;
4. Considerar as atividades tauromáquicas uma tradição antiga em nada diminui a sua componente sádica, pois uma tradição que inflige sofrimento não pode legitimar a sua continuidade com base no argumento da tradição;
5. As atividades tauromáquicas não representam identidade nacional, pois a maioria das pessoas já não frequenta, não se revê nem apoia a continuidade de eventos tauromáquicos;
6. As atividades tauromáquicas estão manchadas de sangue, de imoralidade e quando o Governo ou os órgãos autárquicos as financiam direta ou indiretamente estão igualmente a contribuir para a promoção gratuita da violência e do embrutecimento das pessoas, perpetuando um especismo atroz.
PS: Este especismo atroz também figurou numa capa do “jornal i” intitulada “Os animais que não são nossos amigos”. Um artigo que causa o alarme, mistura lobos, pombos, tubarões, orcas e javalis, fala em ataques de lobos à agricultura (o quê?) e ignora que, nos fóruns de caça, encontramos afirmações como: “30 portas a 65 euros cada uma, fizemos duas zonas para não encontrar um único javali. Depois dizem os senhores do governo e do ICNF que está cheio deles”...