Tenho a sorte, que agradeço todos os dias, de não me cansar de aprender sempre coisas novas nas conversas que tenho com as minhas colaboradoras mais chegadas.
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Esta semana fiquei a saber que uma professora primária tinha por hábito classificar como "perguntas estúpidas" as questões dos seus alunos.
Pouco importa aqui se algumas dessas questões serão efetivamente estúpidas, é até admissível que sim... mas o que me espantou foi a leviandade com que essa professora acolheu essa atitude dos alunos.
Não deixa de ser curioso pensarmos que as principais agências e estudos internacionais consideram que a criatividade e a flexibilidade serão as grandes competências do futuro. Eu diria até que já são.
Basta pensarmos nos impactos da pandemia na economia mundial para percebermos que só com novas soluções, decorrentes necessariamente de novas perguntas (algumas delas até aparentemente "estúpidas) é que as empresas podem manter-se à tona da água neste momento tão particular para, mais tarde, emergirem e vingarem.
Uma coisa pode parecer não ter nada que ver com a outra, mas se com 6 e 7 anos as crianças de hoje ficarem convencidas que as suas perguntas são estúpidas, então nunca as veremos transformadas nos adultos criativos, ousados e inovadores de que o futuro precisa como de pão para a boca.
Não deixa de ser importante refletir que se é verdade que o Mundo mudou a uma velocidade vertiginosa nas últimas décadas, algumas escolas, de uma forma geral, parecem ter ficado presas às práticas antigas. As palmatórias foram substituídas pelo quadro de comportamento entre carinhas verdes e vermelhas, menos violentas, é certo, mas a base do não questionamento, da sentinela do erro e da educação expositiva continuam lá, tal e qual como quando eu me sentava na carteira de madeira da escola primária da Azenha, em Paranhos.
Mas nem tudo está perdido. Há em Portugal vários professores e projetos educativos que estão alinhados com o futuro e o presente das empresas mundiais.
Exemplo disso é o projeto "Coopera" criado em 2016 por Sónia Moreira, uma professora primária de Vila Nova de Gaia, eleita recentemente a melhor professora do país pelo Global Teacher Prize. Ao que parece, este inovador projeto educativo baseia-se na criação de pequenos grupos de trabalho onde, em conjunto mas cada um com uma tarefa definida, os alunos tentam encontrar novas e diferentes soluções para os desafios propostos.
Em teoria deixam de ser parte passiva no processo de aprendizagem, para serem parte ativa. Isso inclui, claro está, "perguntas estúpidas" pelo caminho até porque, como dizia Oscar Wilde, não há perguntas indiscretas. Algumas respostas é que não primam pela discrição. Nem pela inteligência.
*Empresário