Acho que ainda não é proibido falar ou defender o desconfinamento e por isso aqui vou deixar a minha acha para essa fogueira. Dizem-me aqui do lado que me estou a meter numa fogueira de vaidades e eu vaidoso me confesso. A minha vaidade é ter esta oportunidade de escrever no nosso JN.
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Mas reconheço que, atrevendo-me a opinar mais uma vez sobre este tema da pandemia, entro nesse imenso mundo de vaidosos que dá palpites há mais de um ano sobre um assunto em que todos continuamos a aprender todos os dias. Gostaria apenas de reivindicar essa pequena diferença de reconhecer "ab initio" que vou perorar sobre uma coisa que não domino. Talvez com essa igualmente pequena atenuante de não ser ainda claro que exista alguém que a domine por esse Mundo fora.
Apesar de tudo, vou conter a minha opinião numa vertente em que essa minha ignorância fará menos mossa, porque incide sobre um aspeto em que já existe um passado firme de convicções e factos indesmentíveis. Trata-se de comentar a maneira como as decisões tomadas na capital são sempre muito mais influenciadas pelo que se pode ver e cheirar das varandas do Terreiro do Paço, do que aquilo que poderiam constatar numa visita por milhares de outras varandas espalhadas por Portugal continental e ilhas adjacentes.
Volto a convocar a minha ignorância para aceitar de joelhos a definição de critérios relacionados com os números de novos infetados, internados, internados em UCI e falecidos, que deverão reger a graduação do desconfinamento. Mas sou obrigado a convocar a minha indignação se continuarmos a ter que estar parados no resto do país à espera que a região da capital consiga atingir esses resultados salvadores.
Muito mal andará o Governo (mais os especialistas em que acredita) se continuar a adiar a fixação destes números que permitirão uma leitura evidente das regiões e concelhos que podem ir voltando mais depressa a uma vida mais próxima do normal.
Quando hoje já é do conhecimento público que existem dezenas de concelhos em que os novos infetados e os casos ativos são praticamente irrelevantes, aumenta a sensação de injustiça que grassa nessas populações por mais uma vez serem alvo de tratamento discriminatório. Sentimento que se agrava muito nas cabeças daqueles que sentem que esses bons resultados são fruto dos sacrifícios e do comportamento exemplar da sua comunidade.
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