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A relutância de Jair Bolsonaro em apoiar abertamente Ricardo Nunes, seu antigo aliado, nas eleições para a prefeitura de São Paulo, diante da crescente popularidade do influencer Pablo Marçal, é o fim da sua relevância política.
Ao hesitar em dar respaldo a Nunes, Bolsonaro não apenas enfraquece a candidatura do atual prefeito, mas também abre espaço para que Marçal ganhe ainda mais terreno e se consolide como uma liderança emergente no cenário político nacional.
Essa postura de Bolsonaro, seja por cálculo ou falta de convicção, é um erro estratégico. A ausência de um apoio claro a Nunes, que enfrenta dificuldades nas pesquisas, representa uma perda de controlo sobre a articulação política num dos maiores colégios eleitorais do Brasil onde Marçal, que vem ganhando força com um discurso mais direto e conectado a parte do eleitorado bolsonarista, começa a posicionar-se como uma alternativa real dentro do campo conservador. O resultado disso pode ser a criação (involuntária?) do seu próprio Delfim.
Bolsonaro, ao permitir que Nunes enfraqueça e Marçal se fortaleça sem intervir, pode estar a pavimentar o caminho para que este último se projete como uma nova liderança, ocupando o espaço que ele próprio construiu.
Esse movimento é o declínio da influência de Bolsonaro nas grandes disputas eleitorais e o início de sua “sepultura política”. Em vez de manter a hegemonia dentro do espectro político de Direita, o ex-presidente está a abrir mão do controlo, facilitando o surgimento de novas forças que o substituirão sem qualquer margem para dúvida.
O que poderia ter sido uma estratégia de fortalecimento político, e até de ressurgimento, pode tornar-se a última fronteira da sua carreira pública, marcando o início de seu ocaso diante de uma nova geração de lideranças.