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Das mesas dos cafés às redes sociais, quando o rendimento social de inserção (RSI) é tema de conversa há sempre quem o classifique como um mecanismo para alimentar o ócio, uma narrativa absurda e falsa, mas usada até por dirigentes políticos sem escrúpulos. Nem vergonha, em boa verdade, porque se a tivessem não ignorariam que um terço dos beneficiários do RSI são menores, conforme nos mostra o relatório “Portugal, Balanço Social 2023”. Se tivermos presente que, em média, o subsídio atribuído mensalmente não chega a 150 euros, percebemos que este país não está a acautelar o futuro.
Sobram exemplos desta evidência, a começar pelos salários de quem chega ao mercado de trabalho, tão baixos que há cada vez mais jovens licenciados a optar por sair do país. E se para os portugueses está muito difícil, o que pensarão os imigrantes que chegam a Portugal com filhos se souberem que a primeira declaração pública de um membro do Governo, depois de ser conhecida a agressão bárbara e xenófoba contra uma criança nepalesa de nove anos, vai no sentido de solucionar o problema com um reforço de policiamento?
A solução reside em mais e melhor proteção, claro está, com instrumentos como o RSI, mas também através da educação. Que passa pela escola, onde os jovens estão cada vez mais tempo e podem aprender
a respeitar diversidade em todas as suas vertentes. Mesmo que, volta e meia, um grupo de cérebros tacanhos saia da sombra onde se entrincheira sem defender coisa nenhuma para atacar, por exemplo, a obrigatoriedade das aulas de Cidadania.