Dada a coincidência de o calendário das efemérides anuais celebrar hoje o Dia Internacional da Mulher, achei oportuno partilhar com os estimados leitores algumas ideias que me têm assaltado sobre este tema.
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Começo já por me retratar, esperando que ainda a tempo. Quando escrevi "estimados leitores", claro que estava a querer muito, muito mesmo, incluir as não menos relevantes estimadas leitoras, não só porque sei que as há, mas sobretudo porque num dia destes erá o que mais faltava que delas me esquecesse. Fosse 8 de março o Dia Internacional do Idiota e outro galo cantaria....
Fico-me aliás por aqui, já que nos dias de hoje, nacionais ou internacionais, é muito duvidoso que um Dia Internacional da Mulher não deva corretamente incluir todas as outras pessoas que se sintam mulheres, independentemente desse reconhecimento público e legal. Sobrando ainda a magna questão de apurar se deverão ou poderão ser excluídas todas as mulheres que neste dia 8 de março de 2023 já não se sintam confortáveis com essa designação.
Também por isso acho muito perigosa a iniciativa da CGTP de apostar em alargar o âmbito desta celebração, promovendo e prometendo um conjunto de ações de luta e protesto para a Semana do Dia Internacional da Mulher. Lembrando o ditado popular que nos diz que "quando se dá a mão, quer-se logo o braço"; não tardará muito que venha aí logo de seguida o Mês da Semana do Dia Internacional da Mulher. Acontecimento que pode provocar enorme instabilidade e ansiedade junto de quem, vivendo em dúvida existencial, não consiga garantir no início do mês como é que se sente quando ainda faltam 8 dias para esse Dia Internacional e, pior ainda, pode existir quem 23 dias antes não consiga saber antecipadamente como se irá sentir no final desse mês de comemorações.
Não duvido que a CGTP esteja prenhe das melhores intenções e grávida de esperança em conseguir o maior sucesso para a sua luta antiga em prol da igualdade de condições para a mulher portuguesa. Faltar-lhe-á certamente perceber que a mulher portuguesa já não é a mesma que a CGTP conheceu no início da sua luta, décadas atrás.
Por razões menos inconfessáveis devemos recomendar à CGTP como à Conferência Episcopal Portuguesa, outra vetusta instituição, que era melhor que ambas passassem do tempo de telex e do fax para a era das redes sociais.
Bispos portugueses e CGTP, confissões diferentes, mas a mesma luta. Quem diria?
*Empresário