O colibri é considerado por muita gente o pássaro mais bonito do Mundo e arredores. Não quero lançar uma discussão sobre a estética do colibri em comparação com outras espécies do género mas há uma lenda, ou uma estória relativamente conhecida, que tem um colibri como protagonista e que me convenceu que estamos mesmo perante o pássaro mais encantador do nosso planeta.
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Para quem não conhece vou aqui recordar essa estória em três penadas. Era uma vez uma selva tropical onde deflagrou um incêndio pavoroso (como são todos os incêndios que dão notícia), o que originou uma fuga em massa de todos os animais. Nessa debandada interessa-nos sobretudo um jaguar que no decorrer da sua fuga em passada elegante reparou num colibri que voava em sentido contrário. A instâncias do distinto felino o pequeno pássaro explicou que andava num vaivém entre um lago perto e a frente do fogo, transportando no bico uma gota de água para tentar ajudar a circunscrever o incêndio, na linguagem dos nossos dias. Não há registo do que terá comentado o jaguar, até porque os animais não falam, mas escutas recentes garantem que ele terá pensado que o colibri era lelé da cuca se achava que alguma vez iria conseguir deter o fogo com as minúsculas gotas de água que conseguia transportar. Para a história ficou a ideia, que me agrada, de que numa selva, numa comunidade ou num país quando todos fazem a sua parte todos ganham com isso.
Como o JN não é propriamente uma revista de ornitologia, nem eu sou militante do PAN, lembrei-me do colibri por causa do Orçamento que está a ser discutido na AR e da medida de apoio aos portugueses que quiserem ir viver e/ou trabalhar para o Interior. Como se lia no nosso JN de ontem, quem opte por ir viver para o Interior pode receber até 4827 euros. Já sei que existirão vários compatriotas, comentadores e opositores ao Governo que irão ridicularizar esta medida acusando-a de insuficiente e até incapaz de atrair quem quer que seja. Defenderão que o "fogo" da desertificação continuará a lavrar nas regiões do Interior com a mesma intensidade. Como o jaguar, hão de continuar a conduzir nas suas metrópoles e a dizer mal da vida no pára-arranca quotidiano das suas filas poluidoras. Do meu lado, sem ser ingénuo, prefiro saudar o colibri que se anuncia nesta medida, esperando que outros colibris se juntem a ele até que os jaguares percebam que são muitas pequenas gotas que fazem os grandes oceanos.
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