1. Ao universalizar, a partir de um parecer, que as ordens, diretivas ou instruções dadas pelos superiores hierárquicos não constituem um ato processual - o que na prática implica não ficarem registadas em processos - a procuradora-geral da República, Lucília Gago, contribui para adensar o clima de desconfiança dos portugueses em relação ao Ministério Público, quando todas as preocupações aconselhavam medidas em sentido oposto.
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O escudo do segredo basta e, por vezes, até sobra. Se confiamos nos procuradores e respetivas hierarquias, a decisão é absolutamente incompreensível e abre uma fenda que só contribui para questionar a transparência da Justiça em Portugal.
2. Quando está em causa a qualidade de vida de pessoas com problemas tão dramáticos como a paralisia cerebral, dispensam-se prazos e burocracias. Os atrasos que impedem alguém de receber a medicação que lhe permite um mínimo de qualidade de vida são inadmissíveis. Um dia depois de o "Jornal de Notícias" revelar o que está a acontecer no Centro de Reabilitação de Paralisia Cerebral de Lisboa, onde jovens e crianças estão há meses à espera de receber um tratamento, a grande questão é saber até quando se vão manter em funções os responsáveis da instituição, que pertence ao Instituto da Segurança Social, mas é gerida pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.
3. Os jogos da Taça de Portugal atearam mais uma fogueira no futebol. Candidatos únicos à conquista da Liga, F. C. Porto e Benfica defrontam-se depois de amanhã e, na aproximação ao clássico, confirma-se que será muito complicado mudar a face do futebol português. Penáltis como aquele que ficou por marcar a favor dos portistas em Viseu são inaceitáveis, sobretudo desde que o VAR entrou em ação - aguardo punições ou explicações por parte do Conselho de Arbitragem -, mas a troca de acusações que se seguiram são, para mim, o equivalente a um erro de arbitragem desta dimensão: só servem para descredibilizar o futebol. E conseguem.
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