O que faz a Rússia no hemisfério sul?
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No cenário internacional atual, marcado por disputas geopolíticas e reconfigurações de alianças, a postura do Brasil destaca-se - mas não pelos motivos que gostaríamos. Enquanto nações como a Rússia ampliam suas redes de influência através de acordos militares estratégicos com países como São Tomé e Príncipe e Guiné-Bissau, o Brasil parece observar passivamente o tabuleiro global a rearranjar-se. Esta aparente inação brasileira, no entanto, é sintomática e reflete profundas questões internas.
Este cenário é um alerta para o Brasil. A política interna não só define o jogo doméstico, mas também delimita o raio de ação no exterior. A instabilidade política interna, marcada por contendas partidárias que frequentemente paralisam decisões estratégicas, projeta uma imagem de um Brasil introspetivo e desengajado.
Para reverter essa situação, seria essencial uma reformulação da política externa, com foco na estabilidade e na continuidade, independentemente das trocas de governo. Isso passa por uma diplomacia que não apenas reage, mas que antecipa cenários e constrói pontes duradouras, principalmente com nações que compartilham o nosso idioma e cultura.
Portanto, a menos que o Brasil consiga resolver as suas crises internas e formular uma visão de longo prazo para a sua política externa, continuará a ser um ator secundário num mundo cada vez mais definido por blocos de influência e alianças estratégicas.
O momento é de reflexão e, principalmente, de ação; o Brasil precisa de se reencontrar internamente para projetar a sua voz no concerto das nações. Assim, poderia aspirar não apenas a participar, mas a influenciar o curso dos acontecimentos globais de maneira significativa e positiva.