O roubo invisível da memória infantil
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Existe um crime silencioso e subtil que destrói diariamente vidas inocentes sem deixar marcas físicas. Uma forma perversa de manipulação emocional conhecida como gaslighting infiltra-se profundamente nas famílias, corroendo laços e deixando marcas psicológicas permanentes nas crianças. Trata-se da alienação parental, uma estratégia que visa destruir a relação entre a criança e um dos progenitores, lançando dúvidas sobre perceções, memórias e até sobre a própria sanidade emocional dos envolvidos.
A alienação parental utiliza pequenas distorções da verdade, omissões calculadas e sugestões aparentemente inofensivas para criar uma realidade paralela onde um dos pais é transformado num estranho aos olhos da criança. O progenitor alienado é sistematicamente desacreditado, a sua imagem é distorcida, e aos poucos a criança passa a viver num ambiente emocionalmente tóxico, permeado por mentiras disfarçadas de cuidado e proteção.
O mais cruel deste fenómeno é a sua invisibilidade aparente. Não há cicatrizes visíveis, não há provas imediatas e concretas, apenas a lenta erosão da confiança e da segurança emocional. As crianças tornam-se reféns de uma narrativa que não escolheram e são condenadas a um conflito interno devastador, onde amar significa trair e confiar implica correr o risco de rejeição.
Quem de nós não conhece pelo menos um caso assim? Perante esta realidade devastadora e desumana, urge um despertar coletivo. É preciso reconhecer e combater este tipo de abuso emocional com o mesmo vigor que se combate qualquer outra forma de violência. As vítimas são as crianças, inocentes que têm o direito inalienável a crescer num ambiente saudável, seguro e emocionalmente estável. Elas são o futuro da Humanidade.