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Olhaste para o telemóvel, à espera de uma mensagem, uma chamada - qualquer sinal que viesse romper o silêncio que há dias se alonga, denso, entre as quatro paredes. Mas nada. Apenas o eco de um vazio que se tornou teu companheiro diário.
Ser pai ou mãe não é algo que se apaga com a distância. O amor que sentes não se dilui porque alguém, por motivos que escapam à compreensão, decidiu afastar o teu filho ou filha de ti. És vítima de uma injustiça que não tem nome suave. Alienação parental é um crime sem face, mas com garras afiadas, que rasgam lentamente os laços mais profundos e íntimos que um ser humano pode criar.
Há noites em que te questionas: “Como chegámos aqui?” Lembras-te dos momentos partilhados, das gargalhadas, dos pequenos gestos que te enchiam de alegria. Tudo isso agora parece envolto numa neblina densa, como se pertencesse a um passado distante e irrecuperável.
O que torna a alienação parental tão pérfida é justamente essa crueldade silenciosa, esse ataque que não fere o corpo, mas destrói o espírito. Uma criança, indefesa, usada como uma arma emocional, sem sequer ter consciência disso. E tu, do outro lado, à deriva.
Mas não desistas. Não deixes que esse silêncio se torne uma sentença. O amor, por mais que tentem envenená-lo, sobrevive. E, um dia, esse amor há de encontrar o caminho de volta.
E quando esse momento chegar, quando os olhos do teu filho se encontrarem de novo com os teus sem a sombra da manipulação, estarás ali. De braços abertos. De coração intacto.
Continua a ser presença, mesmo na ausência. Continua a amar, mesmo que o amor pareça sem resposta. Um dia, quando menos esperares, esse amor há de ser a ponte que traz o teu filho de volta.
Ora. Mantém a fé.