Se algum eleitor estava à espera dos debates televisivos para poder decidir o seu sentido de voto em função das várias propostas em disputa, bem pode tirar o cavalinho da chuva.
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Como diz o bom povo português "pela aragem logo se vê quem vai na carruagem" e bastou-me ver os primeiros debates, com especial destaque para o que juntou (ou separou?) Rui Rio e André Ventura, para perceber que aqueles que gostavam de ser esclarecidos sobre as propostas dos partidos vão ficar a saber o mesmo. Pelo que já foi dado perceber, mesmo estando previstos mais de 30 debates em todos os canais, esta campanha eleitoral vai ter um nível de esclarecimento dos portugueses próximo das discussões do "Big Brother famosos".
Também é justo que se reconheça que a culpa desta falta de esclarecimento sobre essas propostas partidárias não é exclusiva dos líderes políticos. Como ficou bem patente no debate entre os líderes do PSD e do Chega, os jornalistas destacados para a moderação destes debates estão muito mais interessados numa lógica de confronto do que na promoção do esclarecimento das medidas que cada partido tem para convencer os eleitores. Diria até que pelo que já se conseguiu ver a opção estratégica decidida pelos canais de televisão é claramente a escolha de um jornalista que assuma o comando do debate e não a sua moderação. Até entendo que porventura esta opção possa garantir maiores audiências, mas numas eleições em que a campanha eleitoral terá de ser feita maioritariamente nos ecrãs das televisões, é pena que tenha sido essa a opção maioritária.
Voltando ao debate Rio/ Ventura admito que era importante confirmar que quer um quer outro continuam muito pouco interessados em se juntar no mesmo Governo, mas para o eleitor médio e indeciso presumo que seria muito mais importante ficar a saber também o que pode mudar na sua vida e na vida de Portugal, se PSD ou Chega puderem formar Governo.
Se os muitos debates que ainda faltam se continuarem a pautar por este modelo, acredito que o melhor teria sido concentrar os esforços em vários debates onde apenas estivessem presentes os dois únicos dirigentes que todos aceitamos podem vir a liderar o próximo Governo. Não quero com isto dizer que os outros partidos não devessem ter também, como vão ter, várias oportunidades para tentar vender o seu "peixe", mas parece-me que é muito pouco que a única diferença entre o único debate realmente decisivo Costa/ Rio seja o facto de vir a ser transmitido em simultâneo nos três canais generalistas.
*Empresário