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Os grandes líderes têm sempre traços comuns, um deles reside na qualidade inata para escolher pessoas. Ninguém consegue comandar ou produzir sozinho. O processo pode até começar ao contrário e confunde-se, porque, por vezes, mulheres e homens que não geravam à partida boas expectativas revelam-se faróis extraordinários graças à competência das equipas que os rodeiam. As escolhas de André Ventura, por mais tempo de antena que lhe ofereçam para jurar a diferença no método - a existir, é para pior, já lá vamos -, são miseráveis. Nem a explicação das “dores de crescimento” do Chega colhe, sendo certo que há quem sofra, desde logo, as pessoas que ficaram sem as malas furtadas por Miguel Arruda ou o adolescente com quem Nuno Pardal praticou atos sexuais. Especialista em atirar lama para a ventoinha, Ventura é também responsável por dirigir o partido mais sujo. Não satisfeito, teve o desplante de continuar a enlamear outros políticos, associando-os a casos de pedofilia, apesar de não terem sido acusados de coisa alguma. Atendendo a que passa a vida a dizer que quer limpar Portugal, percebe-se bem o desespero. Ventura está na lama, que nunca foi o terreno ideal para colher bons frutos, e aposta no discurso e método característicos dos populistas. Capitalizar, capitalizar sempre, até na vergonha própria. Incorre, porém, num erro capital: um bom líder não é aquele que vive diariamente obcecado pela colheita que faz, pelo contrário, é aquele que se preocupa com as sementes que planta. Os frutos de Ventura estão à vista.