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Esta semana fomos surpreendidos com recomendações da União Europeia para que todos os cidadãos armazenem mantimentos de emergência. À primeira vista pode até parecer alarmista e paranoico, mas há bom senso nesta medida. Esta Estratégia de Preparação da União Europeia responde a uma realidade inegável de que o Mundo está cada vez mais instável. Desde eventos climáticos extremos cada vez mais frequentes até à ameaça de conflito armado, especialmente com a postura agressiva da Rússia, os europeus estão a enfrentar novos desafios. Longe de fomentar o medo, esta estratégia deve servir para uma cultura de prevenção face a acontecimentos extraordinários. Infelizmente, os sinais de hostilidade também vêm do país que, até Donald Trump se tornar presidente, era o principal garante da segurança europeia. As críticas à Europa num chat secreto do vice-presidente dos EUA, JD Vance, mostram que a União Europeia deve reduzir imediatamente a sua dependência dos Estados Unidos. Isto não é nada de novo em alguns países europeus: a Alemanha recomenda há anos que os seus cidadãos armazenem mantimentos básicos, como água e alimentos não perecíveis, para pelo menos dez dias. Em Portugal, no entanto, a perceção de risco é diferente. A maioria dos portugueses não vê perigo iminente de guerra no seu território, até porque o país não faz fronteira com zonas de conflito. Mas, deveríamos tomar as nossas precauções até porque já foi demonstrado que, por exemplo, a crise energética resultante da guerra na Ucrânia pode afetar qualquer país europeu, independentemente da distância a que se encontra das linhas da frente.