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Faz como diz o chinês: “Não te irrites, vinga-te”. A ascensão do Chega provoca mudanças estratégicas à Direita e há uma verdadeira revolução em curso. Pedro Passos Coelho vai mudar tudo na política portuguesa.
Esta “revolução” é a resposta interna do PSD ao desencanto crescente da população com os partidos tradicionais e uma inclinação deliberada para opções mais conservadoras e até radicais.
Vestindo a saudosa estética sebastianista, “o injustiçado” ex-primeiro-ministro e membro notável do PSD age vigorosamente. Aproxima-se do Chega, lança um livro, escolhe uma causa, define os traidores e almeja o poder. Presidência ou Governo? Tanto faz.
As suas recentes declarações, endossando a legitimidade democrática do Chega e criticando a postura de recusa de diálogo do seu próprio partido, sinalizam uma potencial nova aliança política.
O ex-primeiro-ministro capitaliza o descontentamento de um eleitorado que busca alternativas mais assertivas à Direita, posicionando-se não apenas como um crítico das práticas atuais, mas como um proponente de uma nova (ou velha) visão para o futuro político de Portugal.
A mudança de atitude de Passos Coelho coloca-o na linha da frente para liderar um movimento misto de tradição e inovação, conectando o conservadorismo histórico do PSD com as dinâmicas mais energizadas e até polarizadoras do Chega, ao mesmo tempo que tira do caminho o seu antigo aliado e vice-primeiro-ministro, Paulo Portas. “Ele não é confiável”, afirma publicamente.
Mas a coligação Passos & Ventura é limitada às circunstâncias. O aceno do “injustiçado” ao Chega é um abraço de urso ao qual a inocência do recém-chegado André terá dificuldade em escapar.
O tal “milhão de portugueses” que Ventura diz que o país não quer já está a correr para os braços do novo líder da Direita nacional: Pedro Passos Coelho.