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Só nos faltava esta. O mesmo Donald Trump que prometeu que haveria paz na Ucrânia e em Gaza "em 24 horas", passou a ser o presidente dos Estados Unidos que iniciou mais uma guerra, desta vez contra o Irão, e que fez despenhar todas as esperanças de, sob a sua Administração, terminar os maiores conflitos do Mundo. Não é que acreditemos no que diz, mas, esta semana, todos descobrimos um novo Donald Trump, o belicista, cujas ações desmentem as promessas e os desejos retóricos de paz. As forças militares dos EUA bombardearam o Irão, ignorando o prazo de 15 dias que Trump tinha estabelecido como ultimato para que o regime de Ali Khamenei renunciasse ao seu programa de enriquecimento de urânio. Sem agressões diretas por parte do Irão, sem aprovação do Congresso e sem uma declaração explícita, o bombardeamento ordenado por Trump procurou reforçar o trabalho que Israel tinha iniciado. Embora o resultado do ataque seja motivo de polémica, o certo é que a bomba iraniana não existirá no futuro imediato. Netanyahu pode dar-se por satisfeito porque conta com o apoio do seu grande aliado, essencial para imobilizar o seu maior inimigo remanescente, o Irão, depois de completar uma longa ofensiva que começou com a sangrenta invasão de Gaza após os ataques perpetrados pelo Hamas e continuou no Líbano e na Síria. A decisão está com o ayatollah Khamenei. Cabe-lhe decidir se responde a Trump na guerra iniciada por Netanyahu ou se prefere as negociações. Na verdade, o desaparecimento das ambições nucleares do Irão é bom para todos, a começar pelos iranianos, submetidos a uma teocracia repressiva que desrespeita os direitos humanos.