A cada Dia Mundial do Ambiente sabemos estar a anos-luz das metas globais para o ambiente, o caminho que falta fazer pelo reconhecimento do valor intrínseco da Natureza e pela consagração do ecocídio como crime contra a humanidade e contra o planeta (atos perpetrados com consciência das probabilidades de danos graves e duradouros). Reconhecer o ecocídio como um crime implica pensarmos o planeta como nossa Casa Comum.
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Na Ucrânia fala-se de "terrorismo ecológico" pelo atentado russo que resultou no derrame de 150 toneladas de óleo no rio Dniepre - na sequência da destruição da barragem hidroelétrica de Kakhovka - no dizimar de povoações inteiras e na morte de muitos animais.
Em Portugal, a resposta do Governo para os problemas ambientais continua a ser um simplex ambiental revestida de verde: uma licença para destruir floresta, árvores autóctones, para se instalar o fotovoltaico sem se aproveitar devidamente edifícios, parques de estacionamento ou áreas já impermeabilizadas; uma via verde para os solos serem tomados pela produção de eucalipto ou pela cultura intensiva ou superintensiva (especialmente nas zonas mais desertificadas, onde estão a desaparecer os montados); via verde à caça, ignorando todos os impactos na biodiversidade; ausência de um programa eficiente de incentivo à plantação de autóctones e de remuneração pelos serviços de ecossistema.
Quando são gastos milhões para despoluir os rios pela ausência de políticas de educação ambiental, de fiscalização e de mão pesada nas contraordenações por descargas para os rios (pelas próprias ETAR ineficientes ou pelos efluentes pecuários) e a Assembleia da República continua a rejeitar medidas de recomendação ao governo como o encerramento temporário de explorações suinícolas que libertem efluentes para os rios, sabemos que a prioridade não é preservar a nossa Casa Comum e a Biodiversidade. Estas decisões políticas condicionam a nossa ligação à natureza, como a fruição dos rios, de que muitos de nós se lembram apenas da infância, como é o caso dos rios Ferreira e Sousa, pelos quais uma manifestação sai à rua no dia 17 de junho.
Dirigente do PAN