Cá por mim não desisto de tentar sempre olhar para o lado positivo das várias notícias negativas que nos assolam todos os dias.
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Para tentar combater a chamada segunda vaga da pandemia, tivemos esta semana uma nova vaga de medidas e restrições anunciadas. Esta nova vaga de medidas, que não é a segunda, mas que é para aí a oitava ou nona, tem, lá está, a parte negativa das restrições e perturbações da nossa vida pessoal e profissional normal, mas continuo a conseguir olhar para essas ameaças à nossa liberdade de circulação e diversão com um olhar positivo.
Por um lado, o novo estado de emergência que se anuncia veio acompanhado por uma convicção de que o alcance restritivo e proibitivo das medidas será muito mais limitado do que aconteceu durante a primeira declaração desse estado de emergência. Desde logo a promessa de que as escolas vão continuar a receber professores e alunos dentro do possível e das medidas de contingência impostas pelas infeções que apareçam e também no que toca ao funcionamento das empresas e da economia em geral é reconfortante perceber que ao presidente da República, Governo e à maioria dos deputados no Parlamento não lhes passa pela cabeça confinar por confinar.
Apesar de tudo isto, deixei para o fim o grande momento positivo de toda esta fase negativa da nossa vida em sociedade. Num primeiro momento, o Governo tinha anunciado a proibição da realização das feiras municipais e dos mercados de levante. Num segundo momento, que é o que passou a valer, o mesmo Governo, demonstrando uma sensibilidade política que é de louvar, recuou nessa sua decisão inicial endossando às autarquias locais a decisão de proibir ou autorizar essas feiras e mercados nos respetivos concelhos.
Para um convicto regionalista como eu, esta decisão é capaz de ser a melhor promoção do espírito regionalista a que pudemos assistir nos últimos tempos. Muito mais do que as recentes eleições nas comissões de coordenação regionais, esta conclusão de que em cada concelho do país é o poder local que melhor pode avaliar a oportunidade, as ameaças, os perigos e a viabilidade de realização destas feiras e mercados é a consagração de que bastas vezes é muito mais importante que exista um poder descentralizado para uma boa decisão regional, do que se mantenha a imposição de uma decisão centralizada que também neste caso seria causadora de flagrantes injustiças e desigualdades.
*Empresário