Porque em Portugal ninguém quer falar de imigração?
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Porque os grandes partidos políticos em Portugal, como o PS e o PSD, se esquivam a discutir abertamente a imigração?
Este é um tema que a Associação Portugal Brasil 200 anos tem tentado colocar positivamente na agenda, ciente de que os cerca de 600 mil brasileiros em Portugal não são apenas números, mas o reflexo de um país que se renova e se transforma através da imigração.
A hesitação dos partidos em abordar este tema crucial é paradoxal, considerando que a imigração se tornou um ativo eleitoral significativo, particularmente para partidos como o Chega. Ao evitar este tópico, os grandes partidos revelam um receio implícito do crescimento de movimentos radicais, demonstrando uma espécie de “medo do medo”, como diria Stendhal. Esta relutância é um prenúncio preocupante, sugerindo que algo desfavorável espreita no horizonte da política portuguesa.
É uma realidade incontornável que a imigração, particularmente a brasileira, tem sido fundamental para o dinamismo cultural, social e económico de Portugal. Desconsiderar a sua relevância e impacto é não apenas uma omissão, mas uma falha grave na apreciação da realidade atual. A imigração não deve ser um tema monopolizado por partidos extremistas, mas sim discutido com seriedade e profundidade por todas as esferas políticas.
Este silêncio dos líderes dos principais partidos e coligações é sintomático de uma fraqueza na democracia portuguesa. Ignorar um dos pilares essenciais da sociedade atual - a imigração - é um erro que pode levar a consequências imprevistas, tanto no tecido social como no espetro político.
A coragem de enfrentar este tema, de integrar e valorizar a diversidade que a imigração traz, é o que se espera de verdadeiros líderes. Em tempos de mudança, o medo não pode ser o guia, mas sim a visão clara da realidade e a disposição para abraçar o futuro com todas as suas facetas e desafios.