Proibir telemóveis: solução ou ilusão?
Corpo do artigo
A recente recomendação do Governo português de proibir telemóveis nas escolas até ao 6.o ano é uma medida que, à primeira vista, parece destinada a melhorar o ambiente de aprendizagem. No entanto, com as funcionalidades que estes dispositivos oferecem hoje - como segurança, acesso rápido a informações e aplicativos bancários, identidade, controlo de acesso, entre muitas outras - a proibição parece ser uma solução simplista para um problema mais profundo. Quem é que acha mesmo que pode viver sem eles?
Os telemóveis já são ferramentas essenciais no dia a dia de muitas famílias, incluindo as de alunos. Proibir o uso nas escolas pode gerar controvérsia, pois ignora a realidade de que essas tecnologias são parte integrante das nossas vidas. Além disso, qualquer proibição desse tipo corre o risco de ser facilmente contornada. Alunos podem, por exemplo, trazer os aparelhos escondidos ou encontrar formas alternativas de os utilizar, o que torna a medida ineficaz a longo prazo.
Em vez de recorrer à proibição, uma solução mais eficaz seria criar uma disciplina que ensinasse o uso responsável do meio digital. Tal curso poderia abordar tanto a responsabilidade no consumo de conteúdos quanto a verificação da veracidade das informações. Esta abordagem ajudaria a preparar os alunos para os desafios da era digital, em vez de simplesmente os afastar da tecnologia.
Se o problema é o uso abusivo de telemóveis, talvez seja hora de discutir restrições mais amplas, como em repartições públicas e outros espaços onde adultos, muitas vezes, também fazem uso inadequado destes dispositivos. Afinal, se exigimos responsabilidade das crianças, porque não dos adultos também?