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O Mundo segue apreensivo as guerras que proliferam, que crescem em intensidade e que suplantam a força da diplomacia.
E ainda é Deus, ou melhor dizendo, e ainda é a forma com que cada um se relaciona com Deus, um dos elementos centrais de discórdia e de guerra. Israel vive em paz com os principais países islâmicos sunitas e seus vizinhos, Egito, Jordânia e Arábia Saudita, depois de várias guerras que tiveram uma importância instrumental para se conseguir essa paz.
Israel não vive em paz com o principal país islâmico xiita, o Irão, que com os seus aliados do Hamas instalados na Faixa de Gaza na Palestina, do Hezbollah no Líbano e dos hutis do Iémen, prosseguem uma relação de guerrilha e uma guerra que nos últimos dias escalou para um patamar de elevada e preocupante intensidade, também com envolvimento dos EUA.
Em termos de território e de população, o Irão é um gigante quando comparado com Israel (tem nove vezes mais população e 74 vezes mais área). Mas Israel tem meios militares e económicos que o capacitam de forma extraordinária para se defender dos ataques, e para atacar em nome da sua defesa.
A Palestina não consegue assumir a condição de estado independente, como dever ser, nem sequer a Autoridade Palestiniana consegue afirmar-se na totalidade dos próprios territórios da Palestina, sendo o Hamas um dos seus principais problemas e que governa a Faixa de Gaza.
E na Ucrânia a guerra continua a pretexto de mais poder e território para a Rússia. E na República Centro Africana, é preciso continuar a investir no cuidado da paz, e na...
A forma diferente como os Homens se relacionam com Deus devia ser uma expressão de riqueza e diversidade cultural, assim como um instrumento de paz, e não um motivo de guerra e de morte, que continua a existir em pleno século vinte e um.
A diplomacia muito mais ativa e arrojada na gestão da relação entre Estados na luta pela paz tem de ganhar protagonismo, tem de ser o maior investimento nos orçamentos dos estados e no tempo de trabalho dos governantes dos estados.
Mas o que vemos é o contrário. Cresce o radicalismo, cresce o discurso de guerra, o orçamento para a defesa assumido como relevante para aumentar o poder dissuasor de agressões entre estados e também de agressão, cresce a impossibilidade de vivermos o planeta Terra como algo total e ao dispor de todos, em paz.
Vivemos um momento muito difícil e exigente na racionalidade, na inteligência emocional que tem de dar primazia à vida e à dignidade humana. E temos ao mesmo tempo de cuidar da fortaleza das democracias do chamado Mundo ocidental.
Lutemos pela paz, com pragmatismo e sentido objetivo e realista do caminho que tem de ser trilhado para a reconquistar e para a alimentar todos os dias, começando na relação entre indivíduos e culturas, culminando na relação entre povos, religiões e estados. E que as decisões corajosas e necessárias que garantem um futuro melhor sejam tomadas pelos governantes em nome das pessoas e do Mundo.