Francisco Rodrigues dos Santos, o ainda presidente do CDS, percebeu bem que tinha o seu futuro diretamente ligado à possibilidade de ter feito uma coligação pré-eleitoral com o PSD de Rui Rio. Não tendo isso sido possível dada a nega dos sociais-democratas, o futuro do CDS passa agora por tentar conseguir uma urgente coligação pós-eleitoral.
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Como o povo costuma dizer, "não adianta chorar sobre leite derramado", e por isso não interessam para nada agora nem o famoso prognóstico depois do jogo que o João Pinto imortalizou, nem as contas que agora são fáceis de fazer e que dizem que em caso de coligação pré-eleitoral o PS teria tido menos quatro deputados.
Igualmente não tem qualquer interesse vir reconhecer agora que o líder demissionário do CDS até teve um comportamento surpreendentemente positivo na campanha eleitoral, que atingiu o seu corolário com uma magnífica prestação no "Isto é gozar com quem trabalha". Finalmente, para o caso também não tem nenhuma relevância vir argumentar que, apesar de ter desaparecido da arena parlamentar, o CDS conseguiu ter mais votos do que PAN e Livre, que por lá ficaram mesmo que reduzidos à expressão mais simples.
Posto isto, pede-se ao CDS que lhe aconteça alguém pleno de pragmatismo. Aparentemente, só se conhece a disponibilidade do eurodeputado Nuno Melo. Fica a faltar saber se a sua iniciativa conseguirá pautar-se pelo pragmatismo necessário para resolver a questão prática de saber em que condições é que o CDS poderá evitar o seu funeral antecipado.
Desaparecido da Assembleia da República e reduzido a menos de 2% dos eleitores, o CDS tem que se pôr a jeito para negociar uma coligação/fusão pós-eleitoral com quem estiver disponível para esse "casamento". Imaginando que o PSD não está interessado nessa herança e o Chega já tem fações e tendências que cheguem, julgo que só sobra para nubente a Iniciativa Liberal.
Para bem do CDS, oxalá Cotrim de Figueiredo e seus pares sejam capazes de valorizar o dote casamenteiro do CDS: 86 mil votos, meia dúzia de câmaras municipais, presenças nos governos regionais, um eurodeputado e, apesar de tudo, um passado histórico que a Iniciativa Liberal, pela sua juventude, não tem e nunca poderá ter de outra forma. A tudo isso espera-se que, a exemplo do que se gabou Rui Rio, também o CDS, entre património por vender e dívidas da campanha, não chegue a constituir uma pesada herança.
*Empresário