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À boleia do mais pequeno incidente, e como acantonados à pressa na caixa de carga de uma fumacenta furgoneta a diesel da década de 1970, ou algo que o valha, alguns pretensos influenciadores da opinião pública têm recentemente surgido nos mais diversos canais de informação com o intuito aparente de procurar descredibilizar os investimentos realizados no desenvolvimento de energias renováveis e capazes de tornar um pouco mais sustentável a presença humana no planeta Terra. Sendo, porém, verdes os tempos e os ventos, já quase não ousam, tais oráculos, parecer ambientalmente menos responsáveis do que, digamos, um petrossultão árabe encarregado de presidir a uma cimeira climática. Recorrem, em vez disso, a argumentos frequentemente falaciosos, repetidos em economês de tasca ou de rede social, para procurarem demonstrar que a transição energética (felizmente) em curso é improfícua ou pouco rentável.
Entendamo-nos: no ponto a que chegamos, a discussão já não pode ser sobre a rendibilidade das energias renováveis, mas, sim, sobre o preço que inevitavelmente teremos de pagar para salvar o ecossistema que permite a existência de vida humana no planeta. Todavia, e se a sustentabilidade humana e o investimento em recursos verdes não podem ficar reféns de critérios económicos, vários estudos demonstram que, mesmo nos cenários mais pessimistas, as energias renováveis serão sempre mais rentáveis do que as energias fósseis.
Veja-se o exemplo dos automóveis elétricos. A sua produção é (ainda) mais dispendiosa do que a dos modelos do passado, sobretudo devido ao custo das baterias, mas, mesmo quando utilizam energia produzida com recurso a combustíveis fósseis, o seu custo energético a longo prazo é mais baixo do que o dos carros com motor de combustão, que continua a ser a forma mais ineficiente de produzir energia. Demonstra-o a ciência exata e rigorosa, à qual caberá também, em última análise, continuar a procurar soluções tecnológicas cada vez mais sustentáveis e vantajosas - e não apenas do ponto de vista ambiental.