A ideia de sofrer só faz sentido quando provocada por agentes exteriores. O masoquismo nunca me entusiasmou. Aliás, antes de fazer análises aviso sempre o enfermeiro que a única doença conhecida que tenho é ser alérgico à dor.
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O sofrimento nunca foi a minha praia, embora já tenha sofrido bastante no areal de Leça da Palmeira, lá está, por causa de um fenómeno que me é estranho: o vento.
Só conheço uma situação em que a tormenta nasce nas minhas entranhas e que tenho tendência para adiar a resolução, o que agrava os sintomas: a vontade de fazer xixi.
Se pensar bem, é quase sempre uma parvoíce protelar uma coisa que demora, no máximo, uns dois minutos, mais o tempo de cantar os parabéns para higienizar as mãos. Além disso, ainda não consegui encontrar explicação para o facto de acontecer até esquecer durante algum tempo essa necessidade básica para logo a seguir se revelar uma sensação ainda mais insuportável à medida que nos aproximamos da casa de banho.
A não ser que seja mesmo como me dizia a minha querida mãe - "Não apertes que te dá um nó na tripa" - e o aparelho urinário tenha um dispositivo GPS capaz de identificar a proximidade de uma sanita.
*Jornalista